O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, prometeu nesta terça-feira novas "revelações significativas" sobre as eleições presidenciais nos Estados Unidos, quando a polêmica organização comemora 10 anos em meio a críticas.
"Todos os documentos relacionados às eleições americanas sairão antes de 8 de novembro", prometeu Assange em uma videoconferência em Berlim, já que ele se encontra refugiado na embaixada do Equador em Londres desde 2012 para evitar uma extradição à Suécia.
Assange, cuja aparição prevista na varada desta embaixada foi cancelada por motivos de segurança, também afirmou que serão publicadas informações sobre "a guerra, as armas, o petróleo, Google e a vigilância em massa", e que sua divulgação começará "esta semana".
O WikiLeaks comemora 10 anos de existência nesta terça-feira. Assange registrou o domínio WikiLeaks.org na internet em 4 de outubro de 2006.
Entre os vazamentos do WikiLeaks estão documentos sobre o funcionamento da prisão de Guantánamo ou detalhes sobre as operações militares americanas no Iraque e Afeganistão. E, sobretudo, a publicação em 2010 de dezenas de milhares de telegramas confidenciais das missões americanas no exterior.
Hillary na mira
Em 10 anos, a organização já publicou "10 milhões de documentos" obtidos por vazamento de informação, ou seja, "uma média de 3.000 por dia", relembrou o ativista, que durante a videoconferência usava uma camiseta preta onde podia-se ler a palavra "Truth" ("Verdade", em inglês).
Assange também assegurou que seu site "tem muitas publicações para divulgar".
"Sim, pensamos que (estas publicações) serão significativas. Se mostram aspectos interessantes das facções dentro do poder nos Estados Unidos? Sim", disse, sem fornecer nenhum detalhe sobre as informações. A imprensa americana prevê que a candidata democrata Hillary Clinton estará no centro das revelações.
Durante a coletiva de imprensa, os representantes da organização também citaram alegações publicadas nos Estados Unidos que afirmam que Hillary, quando era chefe da diplomacia, queria que um ataque com um drone (veículo aéreo não tripulado) militar atingisse Assange.
O WikiLeaks "aumentará as publicações para se defender deste empuxo macartista nos Estados Unidos, especialmente por parte de Hillary Clinton e de seus aliados, porque é ela quem está mais exposta atualmente", advertiu fazendo referência à repressão contra os comunistas nos Estados Unidos nos anos 1950 pelo senador Joseph McCarthy.
No fim de julho, na véspera do início da Convenção Democrata, o WikiLeaks havia publicado 20.000 e-mails internos desta formação política revelando que várias autoridades do partido teriam agido em favor de Hillary Clinton durante a campanha para as primárias.
Moscou sob suspeita
Assange se recusa a revelar como conseguiu esses documentos hackeados. A Rússia é considerada suspeita por especialistas e líderes democratas - o próprio presidente Barack Obama não a descartou - mas Moscou desmente firmemente qualquer envolvimento.
Porém, 10 anos após sua fundação, o WikiLeaks é criticado por aqueles que o acusam de ser objeto de manipulações, tanto de governos como de partidos políticos, e de falta de critério no momento de divulgar documentos.
Assim, Assange tem sido acusado de servir aos interesses russos, de reciclar documentos fornecidos por Moscou e até de favorecer Donald Trump durante a campanha das eleições americanas.
"O WikiLeaks está crescendo e necessitaremos de um exército para nos defendermos contra a pressão que está chegando", afirmou Assange. Ele não excluiu a possibilidade de se demitir caso "a pressão" contra o Equador fosse muito grande.
Assange prometeu contratar até 100 novos "jornalistas" nos próximos três anos.
A organização, que tem seu nome formado pela união de "Wiki", que faz referência ao ideal de abertura e de autogestão proclamado pelo site Wikipedia, com a palavra "leaks", que significa "vazamentos" em inglês, já publicou em uma década mais de 10 milhões de documentos secretos fornecidos por diferentes pessoas e organizações.
Nos últimos anos o exemplo do WikiLeaks tem sido imitado e um dos casos emblemáticos é o do técnico em informática Edward Snowden, que revelou à imprensa documentos sobre o alcance da espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, incluindo a escuta ilegal de conversas telefônicas de chefes de Estado e governos aliados dos Estados Unidos.
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