terça-feira, 25 de outubro de 2016

COMO PARAR O SOLUÇO

Soluço

O soluço é o resultado de uma súbita e involuntária contração do músculo diafragma, que fica localizada entre o tórax e o abdômen. O soluço na imensa maioria dos casos é um problema auto-limitado, de curta duração e sem nenhuma relevância clínica. Em algumas pessoas, porém, o soluço pode ser persistente, tornando-se um problema crônico e de difícil controle

Neste artigo vamos explicar:



  • O que é o soluço. 
  • O que causa o soluço. 
  • Como parar o soluço. 
  • Soluço nos bebês.


O QUE É O SOLUÇO?

O diafragma é um músculo que fica localizado entre o tórax e o abdômen, sendo o principal músculo da respiração. Graças à movimentação do diafragma, conseguimos encher e esvaziar nossos pulmões com ar.
O soluço surge quando o nosso diafragma sofre uma rápida e involuntária contração, fazendo-nos inspirar ar. Como este movimento respiratório é indesejado, também involuntariamente, as nossas cordas vocais subitamente fecham-se, impedindo a entrada do ar, causando o conhecido som do soluço, parecido com um estalo.
O fechamento das cordas vocais impede o ar de chegar aos pulmões, fazendo-o, por vezes, ir para o estômago. Por isso algumas pessoas engolem ar durante o soluço.
Como são classificados os soluços?
A maioria dos quadros de soluço dura poucos minutos, desaparecendo espontaneamente ou após algumas manobras, como beber água gelada ou prender a respiração. Em algumas pessoas, os soluços podem demorar vários minutos para desaparecer.
Os soluços comuns raramente têm algum significado clínico, não sendo necessária a avaliação média para os mesmos.
Mais raramente, um episódio de soluço pode durar por várias horas. Quando o soluço demora mais de 48 horas ele é chamado de soluço persistente. Quando dura mais de um mês, é denominado soluço intratável. Tanto o soluço persistente quanto o intratável são habitualmente causados por alguma doença e devem ser sempre avaliados por um médico.
diafragma - Soluço

POR QUE SOLUÇAMOS?

1. Soluços comuns
Não sabemos exatamente por que surgem os soluços simples, que duram poucos minutos e desaparecem espontaneamente. Imagina-se que os soluços sejam causados por situações que de algum modo irritem o diafragma. Em 80% dos casos, os soluços ocorrem por espasmos apenas na porção esquerda do diafragma. Por que isso ocorre, não sabemos.
As situações que mais frequentemente desencadeiam crises de soluços são:
– Comer muito até ficar com o estômago muito cheio.
– Comer muito rápido.
– Mudanças bruscas na temperatura do corpo.
– Estresse emocional.
– Ansiedade.
– Engolir ar.
– Comidas com muita pimenta.
– Beber refrigerantes ou outras bebidas gasosas.
– Beber álcool.
– Fumar.
– Privação do sono.
– Febre.
O porquê das situações acima funcionarem como gatilho para os soluços em algumas pessoas, e só em determinados momentos, ainda é desconhecido. Se você costuma apresentar soluços com frequência, tente descobrir qual o gatilho mais comum para evitá-lo. Às vezes, pequenas mudanças nos hábitos, como comer com mais calma, são suficientes para diminuir a frequência com que surgem os ataques de soluços.
2. Soluços persistentes ou intratáveis
Soluços que duram mais de 48 horas podem ser causados por uma variedade de fatores, que são geralmente agrupados nas seguintes categorias:
2.1. Irritação dos nervos do diafragma.
Como qualquer músculo do nosso corpo, o diafragma é controlado pelo nosso cérebro, que envia suas ordens através do nervo frênico e do nervo vago. Irritações desses nervos podem causar movimentos indesejados do diafragma, causando um quadro de soluço prolongado. As principais situações que podem causar irritações dos nervos que servem o diafragma são:
– Refluxo gastroesofágico (leia: Refluxo gastroesofágico | Sintomas).
– Úlceras do estômago ou duodeno.
– Tumores na região do tórax ou do pescoço.
– Bócio (leia: SINTOMAS DA TIREOIDE).
– Faringite ou amigdalite (leia: DOR DE GARGANTA | FARINGITE | AMIGDALITE).
– Irritações do tímpano ou objetos estranhos dentro do ouvido.
– Pneumonia (leia: PNEUMONIA | Sintomas e tratamento).
– Pericardite (inflamação do pericárdio, membrana que envolve o coração) (leia: PERICARDITE AGUDA – Sintomas e Tratamento)
2.2. Doenças do sistema nervoso central
Algumas lesões do cérebro podem acometer a área que controla o movimento do diafragma, levando a soluços persistentes. As principais causas são:
– AVC (leia: AVC | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL).
– Esclerose múltipla (leia: ESCLEROSE MÚLTIPLA | Sintomas e tratamento).
– Meningite (leia: MENINGITE | Sintomas e vacina).
– Tumores cerebrais (leia: SINTOMAS DE TUMOR CEREBRAL).
– Traumatismos cranianos.
2.3. Alterações metabólicas
Alterações no nosso metabolismo, nos níveis de hormônios ou de outras substâncias no sangue, como eletrólitos (sais minerais) e glicose, também podem levar a quadros de soluços prolongado. As causas mais comuns são:
– Diabetes mal controlado (leia: SINTOMAS DO DIABETES).
– Insuficiência renal crônica (leia: INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA | Sintomas e tratamento).
– Alterações nos níveis sanguíneos de potássio, sódio ou cálcio.
– Alcoolismo crônico.
2.4. Medicamentos
Algumas drogas estão associadas a crises de soluços prolongados, entre elas:
– Anestésicos usados em anestesia geral (leia: ANESTESIA GERAL | Quais os riscos?).
– Corticoides (leia: PREDNISONA E CORTICOIDES | Indicações e efeitos colaterais).
– Ansiolíticos da classe benzodiazepínicos (diazepam, alprazolam, lorazepam…).
– Levodopa.
– Nicotina.
– Ondansetrona.
– Alfa metildopa.

COMO PARAR O SOLUÇO?

Os soluços comuns não são considerados problemas médicos e não precisam de tratamento específico, já que duram, habitualmente, poucos minutos, desaparecendo mesmo que nada seja feito.
Todavia, ninguém gosta de ter soluços e a maioria das pessoas acaba procurando uma maneira para abreviar as crises. Como os soluços costumam ocorrer por uma irritação do diafragma ou dos seus nervos, algumas manobras simples, que estimulem pelo menos umas dessas duas estruturas, servem para abortar as crises.
Muitas das soluções caseiras para os soluços realmente funcionam e apresentam base cientifica para tal. Por exemplo:
– Quando tomamos um susto, aumentamos subitamente a liberação de um hormônio chamado adrenalina, que entre centenas de outras ações, age diretamente na contração do diafragma.
– Quando prendemos o ar e ficamos alguns segundos sem respirar, o nível de gás carbônico (CO2) no sangue se eleva, sendo este um forte estímulo para que o cérebro ative os nervos do diafragma, obrigando-o a se contrair.
– Quando bebemos água gelada, o nervo vago, que age sobre o diagrama, mas que também inerva desde a garganta até o estômago, é estimulado pela brusca mudança de temperatura.
Outras dicas caseiras para parar o soluço incluem:
  • Gargarejar com aguá gelada.
  • Chupar gelo.
  • Beber água quente (cuidado para não ser tão quente que possa queimar a boca).
  • Respirar dentro de um saco de papel.
  • Chupar limão.
  • Comer gengibre.
  • Tracionar a língua.
  • Tocar na úvula (sininho da garganta) com um objeto, tipo um canudo.
  • Comer uma colher cheia de açúcar ou mel.
  • Dobrar os joelhos e abraçar as pernas, comprimindo o peito.
  • Beber líquidos enquanto de pressiona o nariz.
  • Experimentar um pouco de vinagre.

COMO TRATAR SOLUÇOS PERSISTENTES OU INTRATÁVEIS

Os soluços que duram mais de 48 horas devem ser investigados, pois fatalmente são causados por algum problema médico. Nestes casos, o tratamento dos soluços passa pelo tratamento da causa de base. Se o paciente tem uma infecção do ouvido,o tratamento é com antibióticos; se tem níveis de sódio no sangue muito baixos, a reposição de sódio faz o soluço parar;  se a causa for um medicamento, suspende-se o remédio, etc.
Nem sempre, porém, o problema por trás dos soluços persistentes é facilmente identificável. Em outros casos, a doença que causa o soluço não possui um tratamento específico, como nos pacientes que tiveram um AVC ou um traumatismo craniano. Portanto, muitas vezes o médico precisa usar algumas drogas que inibam os soluços, sem necessariamente agir diretamente na sua causa. Alguns medicamentos usados para parar soluços persistentes são:
  • Clorpromazina (droga mais usada e mais estudada para tratar soluços).
  • Haloperidol.
  • Baclofen.
  • Metoclopramida.
  • Gabapentina.
Outras opções para o controle dos soluços persistente são a acupuntura e a hipnose.
Em casos extremos – muito raros, por sinal -, a cirurgia pode ser necessária, com a implantação de um estimulador elétrico no diafragma, parecido com os marca-passos usados no coração.

SOLUÇO EM BEBÊS

Mais de 80% dos bebês apresentam episódios frequentes de soluços. Na verdade, os bebês começam a soluçar ainda quando fetos, dentro do útero. Acredita-se que os soluços são importantes para o desenvolvimento dos sistema respiratório dos fetos, servindo como exercícios para o diafragma e outros músculos respiratórios.
Quanto mais imaturo for o sistema nervoso, mais comuns serão as crises de soluços. Bebês prematuros têm mais soluços que bebês nascidos a termo, que por sua vez têm mais soluços que bebês maiores que 6 meses.
Os soluços dos bebês causam muito mais incômodo nos pais do que nos próprios. O bebê com soluço não sente dor nem fica irritado. Os bebês não se incomodam com os soluços como nós adultos.


COMO EVITAR OS SOLUÇOS NOS BEBÊS?
É impossível evitar que bebês tenham soluços, principalmente nos recém-nascidos. Todavia, algumas dicas ajudam a minimizar as crises.
Os soluços nos bebês geralmente são desencadeados pela alimentação ou pela diminuição da temperatura corporal. Bebês que mamam muito rápido e engolem muito ar costumam ter mais soluços. Procure deixar seu bebê sempre bem aquecido e com a pega do peito bem feita para minimizar o aparecimento dos soluços. Após a mamada, deixe-o em posição vertical para que ele arrote e diminua a quantidade ar no estômago.
Não use as dicas para parar os soluços dos adultos em bebês; elas não funcionam e ainda podem fazer mal.  Não dê sustos, não pressione seus globos oculares, não puxe sua língua e não aperte sua fontanela. Lembre-se que os bebês não se incomodam com os soluços, tenha paciência que após alguns minutos ele desaparecerá. Conforme o bebê vai crescendo, as crises vão se tornando cada vez menos comuns.
Os soluços nos bebês só causam preocupação se estiverem atrapalhando seus atividades habituais como dormir ou se alimentar, ou se forem persistentes, não passando após alguns minutos. Soluços frequentes em bebês acima de um ano também não são habituais. Nestes casos, mencione o fato ao pediatra que ele saberá o que fazer para descobrir se há algum problema por trás dos soluços, como refluxo gastroesofágico, por exemplo.

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