Miocardite é o nome dado à inflamação do músculo do coração, chamado de miocárdio. Existem dezenas de causas de miocardite, incluindo infecções por vírus, bactérias, protozoários ou fungos, medicamentos, doenças auto-imunes, consumo exagerado de álcool, consumo de cocaína, etc.
As principais consequências da miocardite são a falência do bomba cardíaca, ou seja, redução da capacidade do coração de bombear o sangue, e o surgimento de arritmias cardíacas.
Neste artigo vamos abordar as principais causas, sintomas e tratamento da miocardite nos adultos e nas crianças, dando ênfase à miocardite viral, que é a causa mais comum.
Outras formas de inflamação/infecção do coração são a endocardite e a pericardite, assuntos abordados em artigos específicos, que podem ser acessados nos links abaixo:
O QUE É A MIOCARDITE?
A parede do coração é dividida em 3 camadas. A camada mais interna, que fica diretamente em contato com o sangue dentro da cavidade cardíaca, chama-se endocárdio. A camada mais externa, que envolve a parte de fora do coração, chama-se pericárdio. Entre essas duas finas camadas encontra-se uma espessa camada de músculo, responsável pela contração do coração e bombeamento do sangue, chamada miocárdio.
Como já referido acima, qualquer uma dessas camadas pode ficar inflamada, provocando quadros de endocardite, miocardite ou pericardite. Quando o pericárdio e o miocárdio inflamam juntos, damos o nome de miopericardite.
A miocardite é habitualmente provocada por uma virose e pode ter um curso clínico muito variável, indo desde quadros brandos, praticamente sem sintomas, até situações catastróficas, com falência aguda da bomba cardíaca e incapacidade do coração de bombear o sangue.
CAUSAS DE MIOCARDITE
Existem dezenas de causas para miocardite, mas as infecções virais são as mais comuns. A miocardite viral costuma ser a responsável pelos quadros súbitos de miocardite que surgem em crianças ou adultos saudáveis.
Pelo menos 20 vírus diferentes já foram identificados como potenciais causadores de miocardite viral, entre eles, podemos citar:
– Vírus Coxsackie B – provoca doenças como herpangina, gastroenterite e síndrome mão-pé-boca (Leia: SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA -Vírus Coxsackie).
– Adenovírus (provoca resfriado comum e gastroenterite viral) (leia: DIFERENÇAS ENTRE RESFRIADO E GRIPE).
– Vírus influenza (vírus da gripe) (leia: GRIPE | Sintomas, Tratamentos e Vacina).
– Citomegalovírus (leia: CITOMEGALOVÍRUS NA GRAVIDEZ).
– Vírus da poliomielite.
– Epstein-Barr vírus (vírus da mononucleose) (leia: MONONUCLEOSE INFECCIOSA).
– HIV (leia: SINTOMAS DO HIV).
– Vírus da hepatite C (leia: HEPATITE C).
– Vírus da hepatite B (leia: HEPATITE B).
– Vírus da caxumba (leia: CAXUMBA).
– Vírus da rubéola (leia: RUBÉOLA).
– Vírus do sarampo (leia: SARAMPO).
– Vírus da varicela (catapora) (leia: VARICELA | CATAPORA).
– Vírus da febre amarela (leia: FEBRE AMARELA).
– Vírus da dengue (leia: DENGUE).
– Adenovírus (provoca resfriado comum e gastroenterite viral) (leia: DIFERENÇAS ENTRE RESFRIADO E GRIPE).
– Vírus influenza (vírus da gripe) (leia: GRIPE | Sintomas, Tratamentos e Vacina).
– Citomegalovírus (leia: CITOMEGALOVÍRUS NA GRAVIDEZ).
– Vírus da poliomielite.
– Epstein-Barr vírus (vírus da mononucleose) (leia: MONONUCLEOSE INFECCIOSA).
– HIV (leia: SINTOMAS DO HIV).
– Vírus da hepatite C (leia: HEPATITE C).
– Vírus da hepatite B (leia: HEPATITE B).
– Vírus da caxumba (leia: CAXUMBA).
– Vírus da rubéola (leia: RUBÉOLA).
– Vírus do sarampo (leia: SARAMPO).
– Vírus da varicela (catapora) (leia: VARICELA | CATAPORA).
– Vírus da febre amarela (leia: FEBRE AMARELA).
– Vírus da dengue (leia: DENGUE).
A miocardite viral costuma surgir durante ou logo após uma infecção viral, que pode ser tão simples quanto um resfriado. Em geral, menos de 1% das infecções virais acaba atingido o coração, porém, em infecções pelo Vírus Coxsackie B, a incidência de miocardite pode chegar aos 5%.
Nos últimos anos, a incidência de miocardites virais tem vindo a cair, provavelmente porque muitos dos vírus listados acima podem ser prevenidos pelas vacinas que fazem parte do calendário nacional de vacinação.
Outras causas de miocardite
Apesar da miocardite viral ser a principal causa de miocardite, ela não é a única. Há dezenas de outras causas de miocardite, como, por exemplo:
– Doença de Chagas.
– Tuberculose.
– Infecção por bactérias, como Streptococcus, Staphylococcus, Salmonella, Mycoplasma, Meningococo, Gonococo, pneumococo e Clamídia.
– Leptospirose.
– Sífilis.
– Candidíase.
– Estrongiloidíase.
– Toxoplasmose.
– Amebíase.
– Uso crônico de álcool.
– Uso de cocaína.
– Picada de abelhas e vespas.
– Doença celíaca.
– Doenças autoimunes.
– Febre reumática.
– Sarcoidose.
– Tuberculose.
– Infecção por bactérias, como Streptococcus, Staphylococcus, Salmonella, Mycoplasma, Meningococo, Gonococo, pneumococo e Clamídia.
– Leptospirose.
– Sífilis.
– Candidíase.
– Estrongiloidíase.
– Toxoplasmose.
– Amebíase.
– Uso crônico de álcool.
– Uso de cocaína.
– Picada de abelhas e vespas.
– Doença celíaca.
– Doenças autoimunes.
– Febre reumática.
– Sarcoidose.
SINTOMAS DA MIOCARDITE
Como já referido, a miocardite costuma ser um quadro brando, com poucos ou nenhum sintomas. Às vezes, o paciente confunde os sintomas de uma miocardite leve com as da própria virose que a provoca.
O grande problema é quando o acometimento do músculo cardíaco provoca disfunção do mesmo, levando a um quadro chamado de insuficiência cardíaca.
Nos pacientes que desenvolvem sintomas, os mais comuns são cansaço – que em casos mais graves pode surgir mesmo com atividades de pequena intensidade, tais como andar, tomar banho, trocar de roupa ou pentear o cabelo -, inchaço das pernas, falta de ar e arritmias cardíacas.
Em alguns casos, a miocardite se apresenta de forma fulminante, provocando um quadro súbito e grave de insuficiência cardíaca, o que leva o paciente rapidamente a um estado choque circulatório. Se o atendimento médico não for rápido, o paciente evolui para o óbito. Estima-se que até 20% das mortes súbitas ocorridas em pacientes com menos de 40 anos sejam provocadas por quadros de miocardite. A morte pode surgir pelo choque cardiogênico ou pelo surgimento de uma arritmia maligna desencadeada pela inflamação do miocárdio.
Apesar da miocardite fulminante ser uma forma catastrófica de insuficiência cardíaca, caso o paciente seja atendido a tempo e consiga sobreviver à fase crítica, a longo prazo, o prognóstico é bom, pois a maioria se recupera totalmente e mantém um coração com bom funcionamento.
A miocardite também pode se apresentar de forma menos exuberante, com instalação mais lenta, porém progressiva da insuficiência cardíaca. Os sintomas de cansaço, edemas e falta de ar vão se instalando ao longo dos dias.
A história típica para se pensar em miocardite é um paciente relativamente jovem, às vezes atleta, sem doença cardíaca prévia ou fatores de risco, que desenvolve, cerca de 1 ou 2 semanas depois de um quadro viral, um quadro inexplicável de insuficiência cardíaca.
Nas formas subagudas da miocardite, o paciente pode evoluir para miocardiopatia dilatada, que é uma forma irreversível de dilatação do coração. A contrário da forma fulminante, a forma subaguda pode não levar à morte rapidamente, mas o risco de lesão permanente do coração é maior. Nas formas subagudas também há risco de arritmias cardíacas, sendo a morte súbita também um dos desfechos possíveis.
DIAGNÓSTICO DA MIOCARDITE
A miocardite deve ser suspeitada em todos os pacientes com sinais e sintomas de insuficiência cardíaca sem causa aparente. Habitualmente, a insuficiência cardíaca é uma doença de progressão lenta, com agravamento ao longo de anos, que ocorre em pessoas mais idosas, geralmente com hipertensão de longa data e doença coronariana. Uma insuficiência que cardíaca que surge de forma rápida em pacientes sem fatores de risco deve ser sempre um sinal de alerta para miocardite.
A miocardite também deve ser suspeitada em pacientes jovens, sem fatores de risco para doença coronariana, que apresentam elevação dos níveis de troponina (enzima que indica lesão cardíaca) e alterações no eletrocardiograma. Da mesma forma, arritmias cardíacas que surgem em pacientes previamente saudáveis também podem ser um sinal de inflamação do músculo cardíaco.
O ecocardiograma é o exame utilizado para o diagnóstico da insuficiência cardíaca, mas ele não é capaz de afirmar com certeza a origem do problema. A ressonância magnética do coração é um exame mais sensível, sendo capaz de identificar a presença de inflamação do miocárdio.
Apesar de todas as pistas que os exames complementares podem nos fornecer, em muitos casos a certeza do diagnóstico só é obtida através de uma biópsia do miocárdio. Este procedimento, porém, não é realizado rotineiramente nos casos menos graves, pois ele é um procedimento invasivo feito através de cateterismo cardíaco.
TRATAMENTO DA MIOCARDITE
O tratamento da miocardite depende da causa e da gravidade. Casos brandos não necessitam de tratamento especifico e costumam se curar espontaneamente com o tempo.
Nos pacientes com sintomas, o tratamento para insuficiência cardíaca da miocardite é semelhante ao que é preconizado para a insuficiência cardíaca clássica, provocada por hipertensão de longa data ou doença isquêmica cardíaca. Restrição do sal na dieta, diuréticos, beta bloqueadores e inibidores da ECA (IECA) são a base do tratamento.
Nas miocardites provocadas por viroses, medicamentos antivirais, como o Interferon beta, podem ser usados, mas eles só são eficazes se forem iniciados precocemente.
Nos casos de miocardite fulminante, o paciente precisa ficar internado em unidades de cuidado intensivo para receber todo o suporte hemodinâmico e respiratório que uma falência aguda da bomba cardíaca demanda.
Em geral, o coração se recupera totalmente com o tempo, mas alguns casos podem evoluir para dilatação permanente das cavidades cardíacas. Nestes casos, se a insuficiência cardíaca não puder ser controlada adequadamente com medicamentos, o transplante cardíaco torna-se a única opção de tratamento