sábado, 4 de março de 2017

Tratamento com medicação ainda na fase pré-hipertensiva reduz riscos

Pesquisa aponta que a combinação de dois remédios diuréticos traz melhores resultados do que o principal medicamento oferecido pelo SUS


A pressão 12 por 8 já vem sendo considerada o limite máximo  por pesquisadores e médicos. | Marcos Santos/USP Imagens
A pressão 12 por 8 já vem sendo considerada o limite máximo por pesquisadores e médicos. Foto: Marcos Santos/USP Imagens


O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) apresentou na última semana um estudo que pode mudar as indicações de tratamento da hipertensão, uma das principais causas de morte no mundo e o principal fator de risco em doenças cardiovasculares. A pesquisa, batizada de Prever e coordenada pelos professores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Sandra e Flávio Fuchs, mostrou que cuidar da pressão quando ela ainda está em valores como 12 por 8 e menor que 14 por 9 – a chamada pré-hipertensão – reduz drasticamente o risco de desenvolver a hipertensão, quando a pressão arterial é maior ou igual a 14 por 9.
O estudo também revelou a eficiência de dois diuréticos na luta contra o problema: a cloritalidona e a amilorida. Os medicamentos, quando combinados, apresentaram melhores resultados que a losartana, oferecida atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no programa Farmácia Popular. Os diuréticos seriam, inclusive, mais baratos.
O Prever foi dividido em dois estudos independentes, o Prever 1 – Prevenção e o Prever 2 – Tratamento. No primeiro, foram analisados pré-hipertensos, entre 30 e 70 anos, sem doenças cardiovasculares. Dos 18 mil avaliados inicialmente, cerca de 1,4 mil foram selecionados e aceitaram mudar o estilo de vida, adotando hábitos mais saudáveis. Depois de três meses, 730 ainda permaneciam pré-hipertensos.
A partir daí, o grupo foi sorteado para tomar os diuréticos associados ou placebo. Após 18 meses, a turma que tomou a medicação conseguiu reduzir em quase 45% os valores da pressão arterial em relação aos que ingeriram placebo. Isto, segundo a professora Sandra Fuchs, traz evidências da importância de o tratamento contra a hipertensão começar já na fase pré-hipertensiva, com doses baixas de diuréticos. “O tratamento com diuréticos também diminuiu a massa do coração. Isso significa menor risco de doenças cardiovasculares”, completa Sandra.
Nas avaliações do Prever 2, foram selecionados 655 hipertensos, que também foram divididos em dois grupos – um recebeu a combinação de diuréticos e outro, a losartana. Em consultas periódicas, a pressão arterial foi aferida e notou-se, ao fim de um ano e meio, que os pacientes tratados com diuréticos tiveram redução maior da pressão que os que ingeriram a losartana. Este segundo grupo, inclusive, precisou aumentar as doses de anti-hipertensivo ao longo das consultas. “Nosso estudo mostra que a losartana é menos eficiente. Claro, entendemos que muita gente contesta isso. A maioria dos médicos receita a losartana porque ela é bem tolerada, mas ela não previne infarto, previne AVC (acidente vascular cerebral). Os diuréticos são mais baratos, poderiam representar economia na saúde pública”, avalia Flávio Fuchs.

Limite máximo

Diante dos dados, aqueles que têm pressão arterial 12 por 8 podem estar se perguntando se devem correr para o médico e iniciar um tratamento. Não é bem assim. Os pesquisadores do Clínicas ressaltam que uma medição casual da pressão não é a melhor forma de descobrir problemas; é preciso uma avaliação periódica para que se tenha um valor mais seguro, que indique a chamada pressão usual.
Os parâmetros atuais adotados no Brasil ainda consideram a pressão 12 por 8 normal, mas, como apontam estudos, o ideal seria abaixo disso. Por isso, muitos pesquisadores (e médicos) preferem apostar em valores menores que 12 por 8 como pressão ideal.
Independentemente disso, a prevenção da pré e da hipertensão passa por uma alimentação saudável, que valoriza frutas e verduras, aliada à redução do consumo de sódio, além da prática regular de atividade física. Sugere-se que jovens saudáveis verifiquem ao menos uma vez por ano a pressão arterial.

Adolescente, mal-humorado ou deprimido?

As perguntas mais difíceis que o pediatra deve fazer a um jovem, 

em todas as consultas de rotina, são sobre depressão e suicídio


Adolescente com depressão - Seu A saúde
Foto: Anna Parini/The New York Times


As perguntas mais difíceis que os pediatras devem fazer aos adolescentes, durante a consulta de rotina, são sobre depressão e suicídio. Só que não são opcionais; precisam ser feitas todas as vezes.
De 2005 a 2014, a ocorrência da depressão – ou seja, um episódio depressivo maior ao longo de um ano – aumentou significativamente entre jovens de 12 a 17 anos nos Estados Unidos. Esses dados vêm de uma pesquisa anual, o Levantamento Nacional sobre Saúde e Uso de Drogas, na qual as mesmas perguntas são feitas todos os anos. A tendência à depressão é mais acentuada em meninas do que em meninos. Além disso, nas pesquisas feitas com jovens entre 18 e 25 anos, houve novamente um aumento significativo de casos de depressão, mas apenas entre aqueles entre 18 e 20; por isso, o número parece estar aumentando na população de 12 a 20 anos.
Ramin Mojtabai, psiquiatra e professor do Departamento de Saúde Mental na Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins e o principal autor do estudo, conta que não houve nenhum aumento real de 2005 a 2011, mas então, o número começou a subir, e foi maior em 2012 e 2013.
Por que houve um aumento dos casos? E por que foi mais intenso entre as meninas? Os adolescentes estão sofrendo mais de depressão ou será que estão mais dispostos a falar sobre ela? Mojtabai disse que, ao longo das últimas décadas, os jovens estão falando mais abertamente sobre o problema, mas os pesquisadores não acham que isso explique o padrão que estão vendo.
Eles fizeram ajustes para casos de abuso de substâncias, e mesmo assim a tendência estava lá; não dava para explicá-la com o uso de drogas ou bebida alcoólica. Também não acreditam que esteja ligada à composição do núcleo familiar (os dois pais, apenas um, ou nenhum deles).

Benjamin Shain, chefe da Divisão de Psicologia de Crianças e Adolescentes do Sistema de Saúde da Universidade NorthShore, foi o principal autor do relatório clínico da Academia Americana de Pediatria do ano passado sobre suicídios e tentativas de suicídio de adolescentes. “Quando se trata de seu filho, em certo sentido, a estatística não importa, o que importa é a criança em particular. Preste atenção a sinais preocupantes”, disse.
Segundo ele, muitas vezes o impulso dos pais é dar conselhos ou até mesmo intervir e tentar resolver o problema. “O que eles devem fazer é principalmente ouvir e isso deve ser 90 por cento da conversa. Nos outros 10, os pais não devem sugerir uma solução, mas ajudar a resolver o problema da criança”. Ele se preocupa, em particular, com o efeito da mídia eletrônica nos adolescentes.
Mojtabai salientou que o estudo não contava com algumas informações sobre fatores como abuso e negligência e sobre o uso de telas e dispositivos digitais que alguns relatórios têm associado a sintomas de depressão.
“[Um adolescente se trancar no quarto ou tirar notas baixas] pode ser depressão, pode ser uso de drogas, pode ser simplesmente que a escola é muito difícil. O primeiro passo é se sentar e ter uma conversa com seu filho e saber o que está acontecendo; o próximo pode ser conversar com os professores ou levar seu filho a um conselheiro ou um psiquiatra.
BENJAMIN SHAINChefe da Divisão de Psicologia de Crianças e Adolescentes do Sistema de Saúde da Universidade NorthShore.
“Certamente, há evidência de que o bullying on-line pode estar ligado ao aumento da depressão, particularmente entre as meninas, talvez ao aumento de suicídios”, disse Shain. E, de acordo com ele, essa é uma área onde muitos pais se sentem perdidos sobre como orientar seus filhos; seu impulso pode ser esconder o celular, o que potencialmente piora as coisas para alguns adolescentes.
“Eles tendem a ver a proibição das redes sociais como algo mais traumático do que qualquer coisa que aconteça lá. É assim que eles se conectam ao grupo, que obtêm apoio, que conversam com esse grupo; se tirar isso, terá um filho extremamente isolado”, disse ele.
No geral, disse Mojtabai, precisamos de mais informações para saber se há realmente uma tendência, e muito mais detalhes sobre a vida dos adolescentes. Mesmo assim, é importante que os pais estejam cientes dos riscos, tanto para as crianças que estão lutando com problemas de saúde mental quanto para aqueles que provavelmente ainda não deram um nome a seus sentimentos.
“Um monte de crianças e adolescentes têm problemas psiquiátricos que não são percebidos pelos pais, e o resultado é que acabam sem tratamento”, disse ele.
Os sinais de depressão em adolescentes incluem alterações de humor, como tristeza/irritabilidade persistente e alterações no nível de produtividade, tais como ir mal na escola. Eles também incluem o isolamento de amigos e familiares, a perda do interesse em atividades que já foram importantes e mudanças nos hábitos alimentares e padrões de sono, além de alguns sinais menos específicos como falta de energia, dificuldade de concentração e dores inexplicáveis.
Qualquer pai ou mãe de um adolescente tem que saber, é claro, qual é a diferença entre mudanças normais de humor ou comportamentos e esses sinais de aviso. Os pais devem se perguntar sobre a gravidade e a persistência dos sintomas. Quando seu filho realmente parece ter mudado, não veja apenas como uma fase.
Shain disse que muitos dos sinais de alerta são pouco específicos; é possível que haja muitas razões pelas quais os adolescentes se escondem em seus quartos ou tiram notas mais baixas.
“Pode ser depressão, pode ser uso de drogas, pode ser simplesmente que a escola é muito difícil. O primeiro passo é se sentar e ter uma conversa com seu filho e saber o que está acontecendo; o próximo pode ser conversar com os professores ou levar seu filho a um conselheiro ou um psiquiatra”, disse ele.
E, apesar de esse aumento de ocorrências de depressão não estar ligado ao abuso de substâncias, é importante lembrar que esses dois sempre andam juntos em adolescentes, ou seja, aqueles que reportam depressão têm uma probabilidade maior de ter usado drogas ou álcool.
Identificar a depressão, é claro, não resolve o problema, e essa não é uma questão que tenha solução rápida, mesmo em famílias carinhosas e compreensivas. Como diz o relatório clínico da AAP: “O risco de suicídio só pode ser reduzido, não eliminado, e os fatores de risco fornecem apenas uma orientação”.
Essa pode ser uma jornada longa e difícil para os adolescentes e suas famílias, mas a mensagem aos pais e pediatras é que é preciso continuar a fazer as perguntas certas.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Filhos “herdam” até 60% da forma física dos pais

Um novo estudo tenta traçar a relevância dos genes para a obesidade infantil

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(Crédito: Dercílio)


Hoje, 220 milhões de crianças e adolescentes no mundo estão acima do peso. E a tendência é que que essa epidemia se agrave ainda mais: a Federação Mundial de Obesidade diz que essa quantidade vai pular para os 268 milhões em menos de dez anos. Embora os principais responsáveis por esse crescimento preocupante sejam má alimentação e pouca atividade física, um novo estudo da Universidade de Sussex, na Inglaterra, destaca que o fator hereditário não deve ser desconsiderado.
Os cientistas descobriram que, em média, o filho herda 40% do índice de massa corporal dos pais, sendo que cada metade vem de um genitor. O curioso é que, nos pequenos mais enxutos, esse número ficava perto dos 20%. Já nos gordinhos, chegava facilmente aos 60%: “O efeito parental é mais do que o dobro nas crianças obesas do que nas mais magras”, explica Peter Dolton, coordenador da pesquisa, em comunicado.
Os mais de 100 mil voluntários-mirins da investigação estavam distribuídos entre seis países: Estados Unidos, Inglaterra, China, Indonésia, Espanha e México. Os resultados foram consistentes em todas essas regiões: “Nossas evidências vêm de locais com padrões diferentes de nutrição — de uma das populações mais obesas, caso dos Estados Unidos, até as duas menos obesas, que são China e Indonésia”, exemplifica.
Dados como esse sugerem que a genética — e não só comportamentos familiares à mesa — exercem uma influência considerável no surgimento da obesidade. O que, claro, está longe de anular as consequências do sedentarismo e de exagerar regularmente na alimentação.

Por que o limão mancha a pele?

Ele é uma boa pedida nas épocas quentes do ano. Mas seu manuseio próximo aos raios solares pode ser um perigo à camada mais superficial do corpo


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Substâncias dessa fruta, em contato com raios solares, podem danificar a pele (Crédito: Estúdio Barlavento)


1. Contato imediatoA furocumarina, uma substância presente no sumo e na casca do limão, é responsável por esse fenômeno. Ela penetra a pele quando o indivíduo espreme o cítrico no preparo de sucos e caipirinhas ou sobre um petisco.
2. Astro-rei em açãoO sol já queima naturalmente a epiderme desprotegida. Porém, se há a tal da furocumarina por ali, seus efeitos são potencializados. O resultado instantâneo dessa reação é ardência e vermelhidão no local. 
3. Falsa proteçãoPermanecer debaixo do guarda-sol traz uma noção errada de segurança. A radiação tem a capacidade de rebater na areia ou no cimento e voltar ao corpo, provocando inflamações nas áreas que estão com gotículas de limão.
limão mancha a pele no sol
(Crédito: Estúdio Barlavento)
4. Pirou o cabeçãoEsse processo afeta células da pele conhecidas como melanócitos. Instigadas, elas produzem mais e mais melanina, o pigmento que determina a tonalidade da cútis. É dessa presença exagerada que surge a mancha.
5. Invasão bárbaraSe a quantidade de suco de limão for muito grande, ela pode alcançar camadas profundas, como a derme, e causar lesões mais sérias. Nesses casos, é comum a formação de bolhas e a sensação de coceira.
limão mancha a pele no sol
(Crédito: Estúdio Barlavento)

Então, o que fazer?

Prevenir sempreEm ambientes abertos, evite o consumo de alimentos e bebidas que tenham limão. Se for utilizá-lo, depois lave rigorosamente mãos e braços com água e sabão.
Alívio rápidomancha costuma sumir aos poucos dentro de algumas semanas. Se ela estiver incomodando, faça compressas geladas com água ou chá de camomila.

Disney sai do armário: ‘A Bela e a Fera’ terá romance gay

Vai ser a primeira vez que o estúdio terá um casal do mesmo sexo em destaque, na adaptação estrelada por Emma Watson


Josh Gad e Luke Evans, durante coletiva de imprensa em Paris
Josh Gad e Luke Evans, durante coletiva de imprensa em Paris (Stephane Cardinale/Getty Images)

Os que defendem que a Disney incorpore casais de mesmo sexo em seus filmes infantis, em campanhas como aquela que pede uma namorada para a rainha Elsa, de Frozen, vão gostar dessa notícia. Bill Condon, diretor de A Bela e a Fera, a nova adaptação do clássico com Emma Watson à frente do elenco, revelou que o longa, em cartaz a partir de 16 de março no Brasil, terá um casal gay.

A dupla será vivida por Luke Evans, na pele de Gaston, pretendente rejeitado por Bela, e Josh Gad, como LeFou, seu criado. “Le Fou é alguém que um dia quer ser Gaston e no outro quer beijá-lo. Ele está confuso sobre o que quer. É alguém entrando em contato com os seus sentimentos”, disse Condon à revista britânica Attitude. “E Josh faz um trabalho realmente sutil e delicioso com ele. É um momento agradável, exclusivamente gay em um filme da Disney.”
O romance, é claro, será uma história secundária dentro do filme, cujo enredo principal une Bela à Fera, o príncipe que tomou forma bestial por uma maldição. Veja abaixo Luke Evans e Josh Gad como Gaston e LeFou: